Fórum FGV discute avanços na gestão do setor público
Fonte: DCI – matéria de Felipe Blesa
Data da publicação original: 8/11/2017
A Fundação Getúlio Vargas, com intuito de protagonizar uma solução para a crise enfrentada no país, criou o Fórum Permanente de Inovação no Setor Público, para discutir, em conjunto com sociedade civil, setores privado e público, ações disruptivas que permitam a recuperação do Brasil e melhorias em sua administração.
Voltado para a atuação no setor público, a proposta do Fórum, a cada encontro, é a de abordar alguma área da administração do governo e discutir ações que poderiam ser realizadas para racionalizar custos e otimizar seu funcionamento.
Para a coordenadora do Fórum, pós-doutora em Governo Eletrônico e especialista em Inovação no Setor Público, Florência Ferrer, a crise existente no país é complexa e não há saída a curto prazo. “Juntamos esses setores para abrir espaço de discussão visando captar novas estratégias. O nosso foco é muito claro. Não vamos discutir a crise, pois discutir a causa não vai nos tirar dela, mas o que fazer daqui pra frente, para sair”, explica.
Para tal, a Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas promoverá, inicialmente a cada dois meses, encontros com diversos governantes e representantes tanto de empresas quanto da sociedade civil para discutir e encontrar soluções para o país.
No encontro mais recente, em 30 de outubro, sobre “privilégios de alguns servidores públicos”, foi discutida a gestão desses servidores com o governador do Espirito Santo, Paulo Hartung, e representantes.
Florência destaca que há diversos pontos na gestão pública que necessitam ser melhorados. Ela cita, por exemplo, os casos de supersalários no Judiciário, que não representam qualquer benefício ao país além de gastos excessivos aos cofres públicos. “60% do Judiciário ganha acima do limite constitucional. Não tem país no mundo que pague isso. Se isso [pagamento de supersalário] funcionasse, já deveríamos ter acabado com a corrupção há muito tempo, mas ela continua acontecendo”, destaca.
Inauguração
O Fórum foi inaugurado há pouco mais de dois meses, no dia 22 de agosto. O primeiro encontro teve como objetivo apresentar um panorama da situação do país, passando por temas como o planejamento para educação dos futuros jovens e adolescentes, descentralização das ações governamentais e seus custos.
Segundo Florência, existe uma desorganização generalizada na administração pública, sendo necessária uma mudança de perspectiva e também modernização dos processos administrativos.
“O tamanho do preço do Estado que foi construído é impraticável. Temos estados que não conseguem pagar seus próprios funcionários, que também não podem ser demitidos. Boa parte dos Estados não retém nem 5% de seu orçamento”, lamenta.
Ela também comenta que as grandes reformas, como a trabalhista e a da Previdência também passarão por discussão. “É necessário se mobilizar.Para mudar o Brasil, precisamos de todos os cidadãos para ajudar na construção de uma estratégia de país.”
Ações complementares
A coordenadora do Fórum destaca que além dos encontros bimestrais, serão produzidos documentos formalizando todas as propostas discutidas para serem apresentadas aos representantes do governo, de forma a pressioná-los para que tomem alguma ação.
Ela afirma que trará representantes de outros países para apresentarem medidas bem-sucedidas implantadas e, além disso, deve criar um grupo voltado para acompanhar gestores em viagens ao exterior para conhecer de perto esses programas. Artigos analíticos e um livro, sobre a crise, serão produzidos também.
“Gostaríamos de trazer representantes do governo português, pois eles conseguiram cortar 25% dos custos com salários de cargos públicos”, explica Florência.
Outro formato também está sendo buscado para criar disciplinas voltadas para administração pública, de forma a conscientizar a população sobre a importância do assunto.
Entretanto, Florência explica que essas ações demorarão um pouco para serem aplicadas, visto que o Fórum ainda busca mais patrocinadores para financiar suas atividades.